Naquele dia tinha tempo. Sentou-se frente ao espelho e olhou bem para dentro de si. Estava cansado e não tinha bem a certeza se era dele próprio ou dos outros, ou dela.
Sentia aquele “contentamento descontente”, aquele querer senti-la sempre, sem nunca deixar de sentir os outros. Sentia a solidão de uma forma que a fazia sentir-se mais uma pedra no caminho.
Ela apenas sabia que nem todas as pedras são necessariamente obstáculos e reconhecia aquele tipo de solidão, aquela nostalgia do passado, aquele desejo de voltar às conversas sem peso, às conversas que flúem numa espécie de comédia crescente.
Afinal, as noites não podem ser sempre sérias, não podem ser uma eterna discussão das nossas mentes, dos nossos códigos secretos. Não podem ser sempre os caminhos já tantas vezes percorridos, nem a confissão dos dias mais sóbrios e sofridos, o choro, e as lamentações inválidas.
Ela compreendia isto, já passara por ali, já desejara guardar esses momentos inaugurados, para depois os libertar em bandos selvagens, dando à vida um sentido menos sofrido.
Agora desejava ser o roteiro de uma longa viagem, o cavaleiro de todos os desejos ousados, só para o libertar daquele eterno sentir solitário.
Tinha chegado ali, num dia qualquer. Tinha gostado e fora ficando. Reconhecera o terreno acidentado, o constante desejo de mudança, a insatisfação de uma alma que procura fora de si algo que lhe diga que não está só, que as noites podem ser uma aventura fantástica, um filme surrealista...
Era como se subitamente tivesse acordado e todas as coisas que faziam parte dele, tivessem desaparecido.
Era como se subitamente tivesse vontade de rir e o riso não viesse porque faltava alguém, faltava o eco dos outros.
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